As forças esvaiam-se de seu corpo como folhas secas
numa tarde onde o outono sopra seus ventos lúgubres. Embora sorrisse,
curvando-se a cada gargalhada, sua alma chorava. Não estava mais em si,
sua psicose ganhara vida. Adormeceu e sonhara com uma terra encantada
onde a paz reinava e não havia guerras nem preconceito. Que disparate!
Ele mesmo rira de sua utopia frágil e escandalosa, vejam só: paz e um
mundo onde todo mundo era bom! Isso nunca existiu, meus caros! Nunca!
Paranoia? Esquizofrenia? Lacan não vive mais, quem dirá Freud, quem
agora explicaria seu surto? Não, de forma alguma seriam esses
doutorzinhos imberbes. A psicose era sua válvula de escape, e assim
seria para sempre, era um preço barato comparado à sua realidade
dilacerante. Quem condenaria um louco? Mas a verdade era que, por baixo
de sua loucura ele permanecia sóbrio… Dormira de novo e acordara, que
sorte! A loucura não o matara, ainda. O coelho da páscoa que visitara
seu sonho trouxera um ovo recheado de esperança… Até que acordou e teve o
vislumbre daquela corda nociva presa ao galho da árvore esperando por
seu corpo, sua alma… Era essa a esperança que lhe restara. Mas calma…
Quem era mais louco? O psicótico ou o autor que o inventara? Seria eu
poço dessa loucura? Não… Não poderia ser, a sobriedade ainda me cobria
da cabeça aos pés. Minha neurose permanecia intacta, por enquanto. Mas
voltando ao louco, ele despede-se de mim agora. Tchau, louco! Adeus! Não
me apareça novamente, não me roube o sono, seu psicótico maldito. Não
ousarei sair da cama para escrever sobre você de novo, adeus…
Ana Karolyna
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