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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Hábitos

 
Às vezes eu sei, mas na maioria das vezes não sei do que estou falando. Meu pai me chama de mongoloide, meus amigos me chamam de lesada, mas no sentido legal da coisa, eu acho. Eu falo bastante sozinha, na maioria das vezes parafraseio algo que li num livro ou que surgiu do nada e fico repetindo a mesma coisa, tentando entender porquê existe tanta desconexão entre o que eu quero pensar e o que eu estou pensando. E isso não é nem metade do contexto e já dá vontade de calar a maldita boca e não falar mais nada. Mas não falar nada já se tornou um hábito também. E eu odeio hábitos, apesar de estar cercado por eles. Minha vida é cercada no vazio, o vazio é cercado de pilhas de livros e jornais velhos que eu tento ler por não ter nada de interessante para fazer. Escrever é algo que também me salva. Sou escritora meia-boca, gosto do que faço mas não sei se gostam do que faço, e dizer que não estou nem aí é mentira, porque apesar de escrever para salvar o meu próprio rabo, é bacana ver alguém dizendo que se identifica e que está na mesma merda ou está prestes a entrar na mesma merda que eu ou algo assim. Pensei em largar a escrita, mas escrever também é um dos meus hábitos. Acho que vou cursar jornalismo. Deve ser bacana ser jornalista e escrever umas matérias, ou então acompanhar as desgraças que passa na tv e depois escrever sobre aquilo. Ninguém liga para as tragédias dos outros. Ninguém quer saber mesmo como anda a roubalheira dos impostos, ou as guerras que acontecem no mundo. Isso é deprimente. Mas estar deprimido é também um dos meus hábitos.


Ana Karolyna

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